Acordar no 10º andar de uma torre em Jakarta depois de tantos dias no meio rural é quase como acordar em Nova Iorque.
Tínhamos apenas a manhã para conhecer um pouco de Jakarta, para que não se tornasse apenas num ponto de passagem de avião. Conforme habitual, acordar é por volta das 7 da manhã, de modo a ter tempo de visitar o mais possível.
Depois de um pequeno almoço bem composto, apanhámos dois táxis em direcção ao Monumento Nacional (conhecido por MoNas). A torre do MoNas está no centro de um parque fechado muito grande, um spot bom para a prática do piquenique. Entrámos no edifício sem grande expectativa, no entanto, fomos surpreendidos por um museu abaixo do nível da rua com cenas representativas para a Indonésia, desde a Proclamação da República até às batalhas com os holandeses. Num dos cenários faz-se referência a um episódio com os portugueses e as suas caravelas, uma tentativa dos portugueses construírem um forte que não se chegou a concretizar. Subimos ao terraço do edifício para ver a vista da cidade do ponto mais alto do MoNas. A toda a volta há reproduções fotográficas da cidade com a identificação dos edifícios mais importantes que dali se avistam.
Do MoNas seguimos a pé pela rua fora até ao Centro Comercial Plaza Indonésia, sem saber ao certo se estávamos no caminho certo mas com a ideia de que seria perto. Dois quilómetros depois avistámos o Centro, por baixo do Hyatt, onde fomos com o propósito de encontrar a loja da Converse. Visita concluída com sucesso que resultou em vários pares de All Stars adquiridas a um preço muito em conta.
À saída apanhámos novamente dois taxis para ir ao hotel buscar as malas e só aí vimos de que material é feito o trânsito em Jakarta, as filas eram compactas em toda e qualquer estrada, passámos em bairros pobres no meio da cidade para fugir ao trânsito mas nem assim nos livrámos dele, além de que o taxista era um benevolente que deixava toda e qualquer espécie meter-se-lhe à frente.
Já com as malas, seguimos no transfer para o aeroporto novamente, no início o trânsito continuava compacto mas à medida que íamos saindo da cidade ia fluindo com mais facilidade.
Chegámos ao aeroporto com bastante tempo até à hora do embarque, almoçámos, adquirimos alguns souvenirs e quando nos sentámos no chão da sala de embarque (muito bonita, por sinal) e começámos a ver as horas a passar e não havia meio de o avião aparecer, vimos que a viagem ia novamente ficar para tarde!
Para não ser melhor que o anterior, partimos com 3 horas de atraso, já devíamos estar a chegar a Ho Chi Minh City no Vietname quando o avião se fez à pista. Não entendi muito bem o motivo de tal atraso (o sotaque deles ao microfone do avião fica ainda mais difícil) mas desconfio que teve algo a ver com a quantidade de relâmpagos e trovões que víamos da sala de embarque e, depois, pela janela do avião, um autêntico espectáculo de luz na noite escura.
Chegámos ao Vietname tarde e a más horas e como estrangeiros que somos lá tivemos de ir tratar dos vistos para entrar no país. Se fosse rápido e fácil não era com certeza o Vietname. A história dos vistos dava quase uma mini novela. Como pessoas ordeiras que somos aproximámo-nos dos guichets para pedir os vistos e começámos a entregar os passaportes, fotografias tipo-passe, papel do pedido de visto e toda a documentação que nos foi pedida. Dentro do guichet estavam 4 ou 5 pessoas mas na prática apenas uma parecia despachar serviço e este foi apenas o primeiro problema. Enquanto esperávamos pelos passaportes devidamente carimbados assistimos a um cenário interessante: homens bem vestidos chegavam ao guichet com vários pedidos de visto de estrangeiros e subitamente esses iam passando à frente dos nossos, chegava outro com mais um conjunto de pedidos de visto, falava com a pessoa que estava a atender e lá iam aqueles pedidos para o topo da pilha, ou seja, aqueles homens estavam a trazer pedidos de vistos que nos passavam à frente sem nós percebermos porquê. Depois de meia hora a observar chegámos à conclusão que esses homens bem vestidos faziam o favor de despachar o visto aos estrangeiros a troco de algum dinheiro que possivelmente seria repartido com a pessoa no guichet. Esta foi a primeira situação com que tivemos de lidar assim que metemos os pés em solo vietnamita, claro que a primeira impressão foi terrível, aquele jogo de interesses ali à vista de toda a gente tirou-me do sério.
Depois da peripécia com os vistos lá seguimos para a emigração e depois apanhámos as nossas malas do tapete, já eram praticamente as únicas no tapete. E aeroporto era uma confusão, gente a chegar, gente a partir, gente à espera e ao fundo avisto o mano e a cunhada a acenar. O sorriso não podia ser maior, depois de quase 15 dias a viajar por sítios nunca antes vistos sabe bem sentir-me em casa nem que seja a milhares de quilómetros de Portugal só porque se encontra a família. A minha cunhada orientou as boleias e meteu-nos em taxis e na carrinha com o motorista dela com indicações para nos levarem ao hotel que tínhamos reservado. À nossa espera não só estava o grupo com quem tínhamos estado em Gili e Lombok como também o grupo dos pais acabados de chegar de Portugal. Tão longe de casa e era como se estivesse em casa, estavam lá todos! As nossas caras deviam mostrar quão esfomeados chegámos porque a primeira coisa que nos perguntaram foi se já tínhamos jantado.
Nessa noite jantámos um mini snickers no mini bar do hotel e foi como se tivéssemos comido um manjar dos deuses.