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36 horas na Madeira

É de manhã que se começa o dia. Ainda o sol não tinha rompido a aurora já uma fila de gente aguardava que chegasse o avião da manhã com destino à Madeira. A pouco mais de uma hora de viagem a partir de Lisboa, a Madeira é daqueles lugares que temos de visitar obrigatoriamente, faz tão parte do nosso país como qualquer região da Beira, do Norte ou do Algarve, ainda que esteja lá longe no meio do Atlântico.

Para conhecer um lugar não precisamos mudarmo-nos para lá durante uma semana. A ilha da Madeira é um desses lugares que se pode conhecer em 36 horas, ou seja, num fim-de-semana.

Para que a visita seja produtiva é preciso esquecer as dietas e a linha que se preocupam em manter. Na Madeira não há só paisagens, monumentos e “jardins”, na Madeira há a gastronomia regional que a torna tão portuguesa como qualquer região do continente.

Sábado 9h

Por volta das 9h o avião faz-se à pista, agora toda ela largueza, e aterra na pérola do Atlântico, a ilha da Madeira, a ilha das bananas, a ilha dos carros de cesto, a ilha do Cristiano Ronaldo, a ilha do bolo do caco, a ilha da poncha e de tantas iguarias.

O aeroporto situa-se em Santa Cruz, uns quilómetros a Este da cidade do Funchal. Aproveitando o desvio o ideal é começar logo por seguir para a Ponta de São Lourenço, ir até ao miradouro e assistir ao embate daquele mar azul nos rochedos negros resultando numa espuma branca ruidosa. Com sorte e bom tempo é possível avistar lá bem longe a ilha de Porto Santo.

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Vale a pena fazer uma breve paragem na Prainha, junto à Ponta de São Lourenço, provavelmente uma das praias mais mimosas de toda a ilha com areia natural (preta, de origem vulcânica).

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11h

Estando no lado este da ilha, é quase obrigatório seguir viagem para Santana para ver as típicas casas de Santana. No caminho, em vez de seguir pelo túnel do Faial, vale a pena seguir pela estrada antiga, que contorna o monte e parar nos miradouros, sentir o cheiro das acácias e apreciar as escarpas madeirenses.

Em Santana as pequenas casas típicas estão sempre à espera de visitantes que tirem uma fotografia, comprem uma recordação. Há, por vezes, um pequeno mercado junto às casas onde um cacho de bananas sabe pela vida quando a fome aperta, vendidas por um senhor com um sotaque cerrado que dá vontade de sorrir o tempo todo.

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12h30

De Santana apanha-se a estrada que passa no Ribeiro Frio, onde existem os viveiros de trutas e que segue para o Poiso (com ligação ao Pico do Areeiro) e desce para o Monte do lado oposto da ilha. Aí no alto, de onde se vê a cidade do Funchal, pode-se visitar a Igreja da Senhora do Monte e descer nos carros de cesto para a cidade.

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13h30

O almoço está marcado no Viola, no Estreito de Câmara de Lobos. A espetada, que já não se faz no verdadeiro pau de loureiro, continua com aquele sabor inconfundível de carne fresca e boa. Na mesa nunca falta o bolo do caco, as batatas fritas com alho e segurelha ou o milho frito.

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15h00

São Vicente é o lugar que se segue. A partir do Estreito apanhamos a via rápida em direcção à Ribeira Brava / São Vicente com destino à Serra d’Água para apanhar a estrada que atravessa o monte para o lado norte da ilha. De São Vicente seguimos para Porto Moniz, o lugar das piscinas naturais, uma pequena localidade com beleza natural que não se vê em toda a ilha.

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É no lado norte da ilha que existem as paisagens naturais mais bonitas de toda a ilha da Madeira, as escarpas que descem sobre o mar, as cascatas que despejam a água do cimo das montanhas em direcção ao mar. É precisamente entre Porto Moniz e São Vicente que se situa a cascata mais famosa da Madeira, o Véu da Noiva, talvez umas parcas dezenas de metros de água que ao cair se confundem com as águas do mar. Se as estradas antigas do norte da ilha não estivessem já fechadas por perigo de derrocadas poderíamos ainda tentar passar por baixo desta cascata mas as estradas perigosas deram lugar aos túneis.

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De regresso à estrada que atravessa os montes para o lado sul da ilha, é obrigatório fazer uma paragem estratégica na Taberna da Poncha na Serra d’Água para provar a poncha, essa bebida tão típica feita de mel de cana, sumo de limão e laranja e aguardente de cana, e acompanhar com amendoins que se descascam para o chão (é um hábito, não vale a pena contrariar).

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17h00

Segue-se a visita à praia da Calheta, uma das duas praias de areia branca (importada) da ilha. Na Calheta, em Março, pode-se ainda visitar a Sociedade dos Engenhos da Calheta, onde as canas-de-açúcar são processadas e transformadas em aguardente.

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19h00

No regresso é imperativo deixar os túneis e apanhar as estradas antigas sempre que possível passando pela Madalena do Mar em direcção ao Funchal. Pode-se aproveitar e jantar peixe espada frito, mais uma iguaria madeirense, no ”A Poita”, na Madalena do Mar.

Domingo 09h00

Ir à Madeira sem fazer uma Levada é quase como não ir à Madeira. Só fazendo uma Levada se conhece a beleza do interior da ilha. A Levada da Fajã do Rodrigues em São Vicente, a 580 metros de altitude, tem quase 4km, tem uma dificuldade média e permite atravessar túneis, cruzar cascatas e apreciar a vista do vale de São Vicente. Depende obviamente do ritmo dos caminhantes, ainda assim a duração média desta levada é de cerca de três horas e meia. Neste percurso há toda uma floresta exótica para descobrir com uma densa vegetação pertencente à Floresta Laurissilva, Património Mundial Natural da UNESCO desde 1999.

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13h

Entre o Funchal e Câmara de Lobos encontramos o Cabo Girão, lugar famoso pela sua falésia de 589 metros que conta agora com um miradouro panorâmico com chão de vidro impróprio para pessoas com vertigens. A vista é magnífica, vê-se toda a orla costeira desde Câmara de Lobos até ao Funchal.

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Sugere-se o almoço no Restaurante “By the Sea”, mais conhecido por Gruta, na Praia Formosa, onde vale a pena provar as lapas e o peixe fresco que têm todos os dias.

15h30

O Curral das Freiras é um lugar muito bem escondido e ainda assim bem conhecido da ilha da Madeira, mas melhor que o próprio lugar é a vista para ele cá de cima do miradouro da Eira do Serrado. Dali de cima quase conseguimos imaginar que as freiras ainda ali estão refugiadas dos corsários franceses.

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A estrada antiga que desce para a pequena localidade, pela encosta do monte, está já fechada, não aguentou as derrocadas. Agora há um túnel que desce em parcos minutos o que levava muito tempo a percorrer. Os licores, o delicioso bolo de castanha ou as castanhas na chapa são apenas algumas iguarias que se podem provar ali entre montanhas.

21h00

O fim da visita à Madeira aproxima-se, é preciso regressar, o avião já está na pista à espera para regressar a Lisboa depois de um fim-de-semana tão preenchido quanto enriquecido a nível gastronómico e cultural.

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