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City Tour em Miami (26 de Junho)

O segundo dia em Miami começou com um City Tour que já estava programado (à falta de tempo para preparar como deve ser esta viagem, optámos por uma coisa já orientada). O guia era brasileiro, estava em Miami há mais de 20 anos e foi ali que casou, que criou as suas filhas, divorciou, casou, etc. A viagem começou de forma caricata, com mais 10 portugueses dentro de uma carrinha.
A parte gira dos city tours, além de corrermos a cidade toda sem precisar de conduzir ou apanhar transportes, é que ficamos a saber muito mais sobre a história do local que visitamos.
A Florida, estado no qual se encontra a cidade de Miami, foi inicialmente colonizada e explorada pelos espanhóis. Era, até então, habitada pelos índios que ainda hoje são das pessoas mais ricas do Estado, índios esses que não são abrangidos pela constituição e podem, portanto, ter casinos que é proibido neste Estado. Os índios vivem essencialmente da renda das suas terras, o que lhes confere uma fortuna bem apetecível.

Em 1845 os espanhóis “venderam” a Florida aos EUA e a bandeira ganhou a 27ª estrela.
Grande Miami é composta por 65 bairros (cidades) e cada um tem o seu Presidente da Câmara, pelo que cada bairro tem a sua administração própria e polícia própria. Além disso, Miami Beach tem ainda um xerife eleito pelo povo.
Em Miami podemos começar a falar inglês com alguém e terminar a conversa em espanhol, ou mesmo misturar as duas línguas numa conversa pois apesar de a língua oficial ser inglês, o espanhol é falado fluentemente devido à grande quantidade de hispano-americanos de origem cubana, porto riquenha, mexicana e de outros países da América Central.
O primeiro ponto de paragem deste City Tour foi no monumento do Holocausto em Miami Beach. Miami é a segunda maior colónia judaica dos EUA e daí o monumento nesta cidade. Chama-se “Mão da Misericórdia” e foi construída em homenagem aos seis milhões de judeus que perderam a vida nessa tragédia.






Em Miami Beach as ruas também são em esquadria, cruzam-se ruas sequenciais e avenidas com nomes em quarteirões que torna fácil circular numa cidade como esta.


A animação deste lugar encontra-se da 17ª rua para baixo. É na Washinghton Avenue que se vê porta sim, porta sim um Night Club e há-os para todos os gostos e também aí está o Miami Inc, famosa loja de tatoos.
Na Lincoln Road, parcialmente fechada ao trânsito, estão os restaurantes e os bares mais tranquilos. (Nota do guia: é no Five Guys que existe o melhor hamburguer lá do sítio, não confirmo nem desminto porque não provei). Em South Beach podemos encontrar mais restaurantes e bares, onde está por exemplo o Bongo’s Caffee da Gloria Estefan e o Mango’s, um bar latino onde se bebe e dança com pouca roupa.


Ao entrar na Ocean Drive, a rua mais próxima da praia, podem-se ver os hotéis construídos na década de 20 para as pessoas mais idosas passarem o rigoroso inverno que se faz sentir nos EUA. Vinham de todos os pontos do país para passar ali a época do frio pois em Miami a temperatura nunca desce muito e está praticamente sempre bom tempo. Claro que agora já não é para estes hotéis de dois ou três andares que a população mais idosa vem porque não têm elevador nem ar condicionado o que dificultaria a estadia dos mais idosos.

Também a máfia tinha presença assídua em Miami, inclusive Al Capone teve uma casa luxuosa em Miami Beach e o seu carro está estacionado na Ocean Drive em frente ao Park Central Hotel.



Nesta rua existem alguns estabelecimentos famosos pelos seus donos como é o caso do Larios – Cuba Cuisine que pertence à Gloria Estefan (onde almoçámos com um dia de atraso pois o Mourinho tinha lá estado na véspera, e aqui come-se realmente bem), a casa do Gianni Versace em cujas escadas ele foi assassinado, estava com o namorado e foi assassinado pelo amante, e que agora se transformou num clube privado “The Villa”, que pode ser alugada pela módica quantia de 250 mil dólares por fim de semana. A Microsoft já a alugou para uma passagem de ano.


Habitualmente as pessoas ficam nesta rua até perto das 2 da manhã e depois seguem para os Night Clubs da Washington Avenue, onde, não mencionei acima mas nunca é tarde para dizer, existem bastantes Night Clubs gays, como é o caso do Twist, e estão sempre assinalados com a bandeira arco-íris que representa o orgulho gay. Para lésbicas existe o Pink Room, que pertence a um dos 25 Night Clubs (gays, lésbicos, hetero, há de tudo) que existem só nesta rua. Convém referir que os Night Clubs estão cheios de polícia à paisana para manter a ordem e a segurança, não é à toa que Miami Beach é um sítio tão seguro para se sair à noite.

A 5ª rua é um dos quatro pontos que liga a ilha de Miami Beach ao continente, os outros pontos são na 41ª, na 125ª e no norte da ilha. Miami tem 2 ilhas naturais (Miami Beach e Key Biscayne) e 15 ilhas artificiais, muitas delas privadas e é numa desses que está localizada a casa de Al Capone que, curiosamente, soube que está à venda desde Julho por uma grande fortuna. Foi, inclusive, nessa casa que foi filmado o Scarface. Shakira, Beckam, Julio Iglesias e Madonna são outros famosos que têm casa nessas ilhas privadas com sítio próprio para atracar os seus iates.

A caminho da cidade de Miami passámos pelo porto de Miami sempre muito concorrido, cheio de polícia e muitos navios. Os navios que vêm do Caribe vêm muitas vezes com droga pregada no casco e para monitorizar o fundo do porto para que nenhum mergulhador vá resgatar droga do casco de algum navio, existem sonares que controlam toda a agitação no fundo do porto.

Pelo caminho havia muitos outdoors referente ao Jungle Island, o mini zoo de Miami, que não houve tempo para visitar, a bem dizer, temos um Jardim Zoológico tão completo em terras lusas, para que ia eu perder tempo num mini zoo…
No percurso tivemos oportunidade de ver a America Airlines Arena, o estádio dos Miami Heat. Fora de época um bilhete custa cerca de 50$, nos playoffs pode custa mais de 5000$.

Do outro lado da rua da Arena existe um edifício bastante imponente onde eram recebidos os emigrantes clandestinos, especialmente os cubanos que vinham em condições desumanas. Ainda hoje está em vigor a Lei do Pé Seco: todos os cubanos que metem o pé nas areias de Miami têm automaticamente direito a casa, trabalho e documentos. Esta lei foi criada porque os EUA queriam destabilizar Fidel Castro e porque precisavam de trabalho barato. O edifício onde se trata da documentação dos emigrantes ilegais que ainda hoje chegam já não é aquele, agora isso é assunto de um Departamento de Estado.

Um desempregado em Miami tem direito a 300 dólares por semana e uma lista de 10 empresas para visitar, se não as visitar não tem direito aos 300 dólares da semana seguinte.  Se fizer uma falsificação de uma visita a uma empresa e for descoberto fica sem esse subsídio para sempre. Não vale o risco.
Passámos nas galerias em Downtown no Bayside Market Place para um café (não há café como o nosso, venha quem vier) e caminhar um pouco à beira do rio. Foi o rio Miami que deu o nome à cidade.




O turismo é a maior indústria de Miami, responsável por cerca de 90% das suas receitas. Depois do 11 de Setembro e durante três anos ninguém vinha de férias a Miami pelo peso turístico que tinha e por ser um possível alvo então houve nessa altura uma grande quantidade de demolições de edifícios praticamente novos por não terem a quem vender, ainda agora existem 35 edifícios de negócios na zona financeira vazios, não só de escritórios mas também habitação, o que se deve à crise imobiliária que se instalou.  Na Brickell Avenue, em Downtown, ficam todos os edifícios de bancos do mundo, incluindo o BES. A maior parte dos financeiros que enchiam esta avenida de vida foram mandados embora devido à crise e agora há imensos edifícios completamente vazios. O edifício do Espírito Santo é o mais caro e o mais bem protegido em termos de tecnologia contra terramotos. Miami é a terceira maior economia dos EUA e está a atravessar uma grande crise. É certo que a história americana é feita de guerras mas o problema americano persiste: o petróleo, e é isso que os faz sofrer nas mãos dos árabes.



No caminho passámos pela St. Jude’s, a igreja onde Madonna baptizou Lourdes Maria, que é uma das poucas igrejas católicas de Miami.

Durante o nosso passeio passámos em Coconut Grove onde moram os judeus e em Liberty City onde moram os negros. Em Coconut Grove as escolas públicas estão no lado dos negros e há escolas particulares onde moram os europeus cheios de dinheiro. Em 1981 o Michael Jackson esteve em Miami porque os ricos estavam a comprar tudo as negros para os afastar e ele veio pedir para preservarem o que era dos negros e foi criado um bairro negro. A polícia aqui não ouve histórias, segue-se pela lei e muitas vezes vai tudo preso.
Na Charles Avenue não há brancos a passarem à noite, depois do sol se pôr tudo se transforma, vende-se droga, há casas de prostituição (que é crime neste Estado) e se saem da rua com alguém vão presos. É como uma favela, tudo muito pobre mas com muitos carros bons comprados com dinheiro proveniente do tráfico de droga.
O videoclip do Thriller, de Michael Jackson, foi gravado no cemitério neste bairro, onde nem sequer pudemos sair do carro para fotografar, corríamos grande risco ao fazê-lo. Neste bairro não existem mulatos porque simplesmente brancos e negros não se misturam.

Seguimos para Coral Gables, o bairro onde moram os nobres americanos onde antes moravam os nobres espanhóis. Uma das condições para viver neste bairro é ter ancestrais de linhagem nobre. O presidente da Reebok, por exemplo, mora neste bairro e a Barbra Streisand também ali tem uma casa. Neste lugar quase todas as casas têm uma bandeira americana e as que não têm é porque as estão a comprar novas para o feriado de 4 de Julho, que podem abater no IRS. Todas as ruas têm nomes espanhóis devido à colonização dos mesmos e a relva das casas não pode ultrapassar os 13cm.
Parámos para visitar o Hotel Biltmore, construído em 1929 e inaugurado em 1932. Em 1934 uma família entrou no 13º andar e o elevador caiu. Entre 1945 e 1954 o hotel transformou-se em hospital de feridos da 2ª Guerra Mundial. Devido à quantidade de mortes ainda hoje se diz que o hotel é habitado por fantasmas. É um dos mais caros de Miami e é onde fica o Presidente Obama quando vem a Miami. De facto é um hotel de um luxo incrível, com uma piscina gigante e todas as mobílias, paredes e tectos muito bem trabalhados.










Neste sítio existem muitas casas da época da colonização que já foram recuperadas. Quem cuidava da piscina do bairro era o homem que fez de Tarzan, o primeiro, mas entretanto fechou para recuperação.
Abandonámos o bairro nobre e seguimos para Little Havana. Este bairro começa na 8ª rua, mais conhecida por Calle Ocho. É em Little Havana que se encontram os emigrantes cubanos que de alguma forma conseguiram chegar a Miami e formaram uma comunidade que, à primeira vista, em pouco ou nada se parece com Havana. Foi em Little Havana que nasceu e ainda vive o famoso Pitbull, rapper americano, também conhecido por Mr. 305 (código de Miami) e faz muitos concertos para a sua comunidade.

Em Little Havana também há fábricas de charutos, clubes de dominó e música tipicamente cubana. A criminalidade tem aumentado neste bairro e os turistas deixaram de vir à noite para os bares e para dançar.
O City Tour terminou na Lincoln Street onde aproveitámos para almoçar à moda tipicamente americana: hamburgueres. Como as saudades de um café decente já se faziam sentir, fizemos uma romaria até à Nespresso, só não contávamos que um mero cafezinho custasse 4 dólares. Nunca mais nos apanharam lá!

A tarde já ia a meio e como ainda não conhecíamos bem as redondezas entre a Lincoln Street e o hotel decidimos ir a pé, parar pelo caminho para adquirir uns “recuerdos” e continuar a caminhada. Ficámos a saber que o nosso hotel ficava a 3km do centro de Miami Beach. A tarde acabou entre a piscina e o bar com os olhos postos na praia em amena cavaqueira com os outros portugueses que conhecemos no City Tour com quem acabámos por voltar para a Lincoln Street para jantar. Já ambientados aos transportes e às distâncias acabámos por apanhar o autocarro S na Collins com a 17ª com destino ao nosso hotel que ficava na Collins com a 42ª.



Foi um dia cheio em absorção de informação e cultura de Miami, dos seus bairros, das diferentes raças e da sua história.

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2 thoughts to “City Tour em Miami (26 de Junho)”

  1. Parabéns pelo relato!
    Gostaria muito de saber o nome da empresa do city tour. Pode me informar?
    Obrigada!

    1. Olá! Obrigada. A empresa que fez o City Tour foi contratada pela Agência Abreu, na qual comprámos a viagem, andei a ver se tinha aqui algum registo do nome da tal empresa mas não tenho.

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